COLEÇÃO DAS REGRAS MONÁSTICAS DO BUDISMO THERAVĀDA

O Código de Disciplina Monástica dos Bhikkhus

O capítulo sobre as Regras Pārājika, que implicam a expulsão

Homenagem ao abençoado, arahant, perfeitamente iluminado

A origem do Código de Disciplina: O capítulo sobre Verañjā

Certa vez, o Buda se encontrava em Verañjā nos arredores da árvore Nimba de Naḷeru com um grande grupo de quinhentos bhikkhus. E chegou aos ouvidos de um brâmane de Verañjā o seguinte:

“Senhor, o asceta Gotama, o Sákya, que adotou a vida santa e deixou o clã Sákya, se encontra em Verañjā nos arredores da árvore Nimba de Naleru com um grande grupo de quinhentos bhikkhus. Este Mestre Gotama adquiriu a seguinte boa reputação:

‘Esse Abençoado é um arahant, perfeitamente iluminado, consumado no verdadeiro conhecimento e conduta, bem-aventurado, conhecedor dos mundos, um líder insuperável de pessoas preparadas para serem treinadas, mestre de devas e humanos, desperto, sublime. Ele declara—tendo realizado por si próprio com o conhecimento direto—este mundo com os seus devas, maras e brahmas, esta população com seus contemplativos e brâmanes, seus príncipes e povo. Ele ensina o Dhamma, com o significado e fraseado corretos, que é admirável no início, admirável no meio, admirável no final; e ele revela uma vida santa que é completamente perfeita e imaculada. É bom poder encontrar alguém tão nobre.’

Após isto, aquele brâmane foi até o Abençoado, trocou saudações corteses com ele e após a troca de saudações sentou a um lado. E ele disse o seguinte:

“Ouvi dizer, Mestre Gotama, que o contemplativo Gotama não presta homenagem aos brâmanes anciãos, não levanta-se em reverência a eles, ou sequer lhes oferece um assento. Realmente é assim, o Mestre Gotama não presta homenagem aos brâmanes anciãos, não levanta-se em respeito a eles ou tampouco lhes oferece um assento. Isto não é apropriado.”

“Brâmane, eu não vejo ninguém neste mundo com os seus devas, maras e brahmas, esta população com seus contemplativos e brâmanes, seus príncipes e povo, eu não vejo ninguém a quem eu deveria prestar homenagem, levantar-me em reverência ou oferecer um assento. Se o Buda fosse prestar homenagem, levantar-se em respeito ou oferecer um assento a alguém, a sua cabeça se partiria em dois.”

“O contemplativo Gotama carece de bom gosto.”

“Há de fato um modo em que alguém pode corretamente dizer de mim, ‘o contemplativo Gotama carece de bom gosto.’ Isto pois o gosto por formas, sons, aromas, sabores e objetos tangíveis foi abandonado pelo Buda, cortado pela raiz, feito como com um tronco de palmeira, eliminado de modo que não estará mais sujeito a um futuro surgimento. É desta forma que se pode dizer verdadeiramente de mim, ‘o Mestre Gotama carece de bom gosto.’ Mas não é isto o que você quis dizer.”

“O contemplativo Gotama é apático.”

“Há de fato um modo em que alguém pode corretamente dizer de mim, ‘o contemplativo Gotama não é simpático.’ Isto pois a simpatia por formas, sons, aromas, sabores e objetos tangíveis foi abandonado pelo Buda, cortada pela raiz, feita como com um tronco de palmeira, eliminada de modo que não estará mais sujeito a um futuro surgimento. É desta forma que se pode dizer verdadeiramente de mim, ‘O contemplativo Gotama é apático.’ Mas não é isto o que você quis dizer.”

“O contemplativo Gotama é um proponente da doutrina da não-ação.”

“Há de fato um modo em que alguém pode corretamente dizer de mim, ‘o contemplativo Gotama é um proponente da doutrina da não-ação.’ Isto pois eu ensino a não-ação com relação à conduta inapropriada com o corpo, linguagem e mente; eu afirmo a não-ação com relação a vários tipos de conduta ruim e prejudicial. É desse modo que alguém pode corretamente dizer de mim: ‘O contemplativo Gotama é um proponente da não-ação’. Mas não é isto o que você quis dizer.”

“O contemplativo Gotama é um proponente da doutrina da aniquilação.”

“Há de fato um modo em que alguém pode corretamente dizer de mim, ‘o contemplativo Gotama é um proponente da doutrina da aniquilação’. Isto pois eu ensino a aniquilação da cobiça, raiva, e delusão; eu afirmo a aniquilação com relação aos vários tipos de qualidades ruins e prejudiciais. É desse modo que alguém pode corretamente dizer de mim: ‘o contemplativo Gotama é um proponente da aniquilação’. Mas não é isto o que você quis dizer.”

“O contemplativo Gotama é alguém que detesta.”

“Há de fato um modo em que alguém pode corretamente dizer de mim: ‘o contemplativo Gotama é alguém que detesta. Pois eu detesto a conduta inapropriada com o corpo, linguagem e mente; eu detesto os vários tipos de qualidades ruins e prejudiciais. É desse modo que alguém pode corretamente dizer de mim: ‘O contemplativo Gotama detesta. Mas não é isto o que você quis dizer.”

“O contemplativo Gotama é um disciplinador.”

“Há de fato um modo em que alguém pode corretamente dizer de mim: ‘o contemplativo Gotama é um disciplinador’. Isto pois eu exponho meu ensino com o propósito de disciplinar os desejos sensuais, a raiva e a confusão, com o propósito de disciplinar todos os tipos qualidades ruins, prejudiciais. Esta é uma maneira em que realmente pode-se dizer de mim, ‘o contemplativo Gotama é um disciplinador. Mas não é isto o que você quis dizer.”

“O contemplativo Gotama é dedicado às austeridades.”

“Há de fato um modo em que alguém pode corretamente dizer de mim: ‘O contemplativo Gotama é dedicado às austeridades’. Pois eu afirmo que as qualidades ruins e prejudiciais—a conduta corporal, verbal e mental inapropriada—devem ser mortificadas. Eu digo que alguém é dedicado às austeridades quando ele abandonou as qualidades ruins e prejudiciais que devem ser mortificadas; quando ele as cortou pela raiz, fez como com um tronco de palmeira, eliminando-as de tal forma que não estarão mais sujeitas a um futuro surgimento. O Tathagata abandonou as qualidades ruins e prejudiciais que devem ser mortificadas; ele as cortou pela raiz, fez como com um tronco de palmeira, eliminando-as de tal forma que não estarão mais sujeitas a um futuro surgimento. É desse modo que alguém pode corretamente dizer de mim: ‘O contemplativo Gotama é dedicado às austeridades. Mas não é isto o que você quis dizer.”

“O contemplativo Gotama não está destinado a um novo renascimento.”

“Há de fato um modo em que alguém pode corretamente dizer de mim: contemplativo Gotama não está destinado a um novo renascimento’. Aquele que não está destinado a um novo renascimento, tendo ele abandonado a produção de uma renovada existência, um útero no futuro; quando ele a cortou pela raiz, tal como se faz com um tronco de palmeira, eliminando-a de tal forma que não estará mais sujeita a um futuro surgimento—a este eu chamo aquele que não está destinado a um novo renascimento. É desse modo que alguém pode corretamente dizer de mim: ‘O contemplativo Gotama não está destinado a um novo renascimento. Mas não é isto o que você quis dizer.”

“Brâmane, suponha que uma galinha tenha oito, dez ou doze ovos que ela cobriu corretamente, aqueceu corretamente, incubou corretamente. E o primeiro pinto nasce com segurança—após romper as cascas dos ovos com suas garras afiadas—deve ele ser chamado de o mais velho ou mais novo? ”

“Ele deve ser chamado o mais velho, Mestre Gotama, pois ele é o mais velho deles.”

“Da mesma forma, esta geração sem entendimento, sendo como um ovo, coberto, eu sou o único no mundo a ter rompido a casca de ovo da ignorância e alcançado o insuperável despertar completo. Brâmane, eu sou no mundo o mais velho e o melhor.

“A energia infatigável foi despertada em mim e a atenção plena perseverante foi estabelecida, meu corpo estava tranqüilo e sossegado, minha mente concentrada e unificada. Totalmente afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, entrei e permaneci no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. Abandonando o pensamento aplicado e sustentado, entrei e permaneci no segundo jhana, que é caracterizado pela segurança interna e perfeita unicidade da mente, sem o pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos da concentração. Abandonando o êxtase, entrei e permaneci no terceiro jhana que é caracterizado pela felicidade sem o êxtase, acompanhada pela atenção plena, plena consciência e equanimidade, acerca do qual os nobres declaram: ‘Ele permanece numa estada feliz, equânime e plenamente atento.’ Com o completo desaparecimento da felicidade, entrei e permaneci no quarto jhana, que possui nem felicidade nem sofrimento, com a atenção plena e a equanimidade purificadas.”

“Com a minha mente dessa forma concentrada, purificada, luminosa, pura, imaculada, livre de defeitos, flexível, maleável, estável e atingindo a imperturbabilidade, eu a dirigi para o conhecimento da recordação de vidas passadas. Eu me recordei das minhas muitas vidas passadas, isto é, um nascimento, dois nascimentos, três nascimentos, quatro, cinco, dez, vinte, trinta, quarenta, cinqüenta, cem, mil, cem mil, muitos ciclos cósmicos de contração, muitos ciclos cósmicos de expansão, muitos ciclos cósmicos de contração e expansão, ‘Lá eu tive tal nome, pertencia a tal clã, tinha tal aparência. Assim era o meu alimento, assim era a minha experiência de prazer e dor, assim foi o fim da minha vida. Falecendo desse estado, eu renasci ali. Ali eu também tinha tal nome, pertencia a tal clã, tinha tal aparência. Assim era o meu alimento, assim era a minha experiência de prazer e dor, assim foi o fim da minha vida. Falecendo daquele estado, eu renasci aqui.’ Assim eu me recordei das minhas muitas vidas passadas nos seus modos e detalhes. Esse foi o primeiro conhecimento verdadeiro que alcancei na primeira vigília da noite. A ignorância foi extirpada e surgiu o verdadeiro conhecimento, a escuridão foi extinta e surgiu a luz, como ocorre com aquele que permanece diligente, ardente e decidido. Este, brâmane, foi meu primeiro rompimento, como o dos pintos ao sair das suas cascas.”

“Com a minha mente dessa forma concentrada, purificada, luminosa, pura, imaculada, livre de defeitos, flexível, maleável, estável e atingindo a imperturbabilidade, eu a dirigi para o conhecimento do falecimento e reaparecimento dos seres. Por meio do olho divino, que é purificado e sobrepuja o humano, eu vi seres falecendo e renascendo, inferiores e superiores, bonitos e feios, afortunados e desafortunados. Eu compreendi como os seres prosseguem de acordo com as suas ações desta forma: ‘Esses seres – dotados de má conduta com o corpo, linguagem e mente, que insultam os nobres, com o entendimento incorreto e realizando ações sob a influência do entendimento incorreto – com a dissolução do corpo, após a morte, renasceram num estado de privação, num destino infeliz, nos reinos inferiores, até mesmo no inferno. Porém estes seres—dotados de boa conduta com o corpo, linguagem e mente, que não insultam os nobres, com o entendimento correto e realizando ações sob a influência do entendimento correto – com a dissolução do corpo, após a morte, renasceram num destino feliz, no paraíso.’ Dessa forma—por meio do olho divino, que é purificado e sobrepuja o humano—eu vi seres falecendo e renascendo, inferiores e superiores, bonitos e feios, e eu compreendi como os seres continuam de acordo com as suas ações. Esse foi o segundo conhecimento verdadeiro que alcancei na segunda vigília da noite. A ignorância foi extirpada e surgiu o verdadeiro conhecimento, a escuridão foi extinta e surgiu a luz, como ocorre com aquele que permanece diligente, ardente e decidido. Este, brâmane, foi meu segundo rompimento, como o dos pintos ao sair das suas cascas.”

“Com a minha mente dessa forma concentrada, purificada, luminosa, pura, imaculada, livre de defeitos, flexível, maleável, estável e atingindo a imperturbabilidade, eu a dirigi para o conhecimento do fim das impurezas mentais. Eu compreendi como na verdade é que: ‘isto é sofrimento’; eu compreendi como na verdade é que: ‘esta é a origem do sofrimento’; eu compreendi como na verdade é que: ‘esta é a cessação do sofrimento’; eu compreendi como na verdade é que: ‘este é o caminho que conduz à cessação do sofrimento’; eu compreendi como na verdade é que: ‘essas são impurezas mentais’; eu compreendi como na verdade é que: ‘esta é a origem das impurezas’; eu compreendi como na verdade é que: ‘esta é a cessação das impurezas’; eu compreendi como na verdade é que: ‘este é o caminho que conduz à cessação das impurezas. Ao conhecer e ver, a minha mente estava livre da impureza do desejo sensual, da impureza de ser/existir, da impureza da ignorância. Com a libertação, surgiu o conhecimento, ‘Libertado.’ Eu compreendi que ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que devia ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’ Esse foi o terceiro conhecimento verdadeiro que alcancei na terceira vigília da noite. A ignorância foi extirpada e surgiu o verdadeiro conhecimento, a escuridão foi extinta e surgiu a luz, como ocorre com aquele que permanece diligente, ardente e decidido. Este, brâmane, foi meu terceiro rompimento, como o dos pintos ao sair das suas cascas.”

O brâmane disse então ao Abençoado:

“O contemplativo Gotama é o mais velho; Mestre Gotama é o melhor! Magnífico, Mestre Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o Dhamma de várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para baixo, revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que estivesse perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem visão pudessem ver as formas. Nós buscamos refúgio no Mestre Gotama, no Dhamma e na Sangha dos bhikkhus. Que o Mestre Gotama me aceite como o discípulo leigo que buscou refúgio para o resto da vida. E que possa o Mestre Gotama consentir em passar o retiro das chuvas em Verañjā juntamente com a Sangha dos bhikkhus.” o Abençoado consentiu, mantendo-se em silêncio, e o brâmane compreendeu. Então o brâmane levantou do seu assento e depois de homenagear o Abençoado, mantendo-o à sua direita, partiu.

Naquela ocasião Verañjā sofria com a escassez de comida era atingida pela fome, com as plantações secas e reduzidas à palha. Não era fácil manter-se com o recolhimento de esmolas. Foi então que alguns negociantes de cavalos vindos de Uttarāpathaka chegaram na residência preparada para o retiro das chuvas em Verañjā com quinhentos cavalos. E nos estábulos eles prepararam para os bhikkhus porções e mais porções de grãos cozidos no vapor. Então, os bhikkhus se vestiram e tomando as suas tigelas e os mantos externos foram para Verañjā para esmolar alimentos. Sendo incapazes de obter algo, eles foram para os estábulos. Eles então trouxeram as porções de grãos cozidos de volta ao mosteiro, os esmagaram e os comeram. O Venerável Ānanda esmagou num pilão uma porção de grão cozido, e a levou para o Abençoado e este a comeu.

O Abençoado ouviu o som do pilão. Os Budas às vezes fazem perguntas sabendo, e às vezes sabendo não fazem perguntas; eles fazem perguntas sabendo a hora certa de perguntar, e eles não fazem perguntas sabendo a hora em que não é certo perguntar. Os Budas perguntam quando é benéfico, nunca quando é prejudicial; pois no que se refere ao que prejudicial, os Budas destruíram a ponte. Os Budas questionam os bhikkhus tendo duas motivações: “Dar um ensinamento ou estabelecer uma regra de treinamento para os discípulos.”

E então o Abençoado disse a venerável Ānanda: “Ānanda, o que é esse som de pilão?”

E o Venerável Ānanda informou ao Abençoado o que estava acontecendo.

“Bom, bom, Ānanda, vocês que são indivíduos superiores venceram os problemas da fome; gerações posteriores desprezarão até mesmo arroz e carne.”

O Venerável Mahāmoggallāna então se aproximou do Abençoado, trocou saudações com ele e após a troca de saudações sentou a um lado. E ele disse o seguinte:

“Nesse momento, Venerável senhor, Verañjā sofre com a escassez de comida e é atingida pela fome, com as plantações secas e reduzidas à palha. Não é fácil manter-se com o recolhimento de esmolas. Venerável senhor, a o subsolo desta grande terra é abundante em comida, e seu sabor é como o mel puro. Seria bom se eu virasse a terra de ponta-cabeça, para que os bhikkhus pudessem apreciar a nutrição nas plantas-aquáticas.”

“Mas o que você fará, Moggallāna, com as criaturas que são sustentadas pela terra?”

“Eu farei com que as minhas mãos fiquem grandes, como a grande terra e farei com que as criaturas que são suportadas pela terra se movam para lá. Então, com a outra mão eu virarei de ponta-cabeça a terra.”

“Por favor não vire de ponta-cabeça a terra, Moggallāna. As criaturas podem ser incomodadas.”

“Neste caso, Venerável senhor, seria bom se toda a Sangha dos bhikkhus de pudesse ir até Uttarakuru para as esmolas.”

“Não leve esta ideia adiante, Moggallāna.”

Então, enquanto Venerável Sāriputra se encontrava em reclusão ocorreu a ele o seguinte pensamento: “Para quais Budas a vida espiritual não durou muito. Para quais Budas a vida espiritual durou muito tempo?”

Quando o Venerável Sāriputra saiu da reclusão à noite, ele se aproximou do Abençoado, trocou saudações com ele e após a troca de saudações sentou a um lado. E ele disse o seguinte: “Há pouco, Venerável senhor, enquanto eu estava em reclusão, o seguinte pensamento me ocorreu: ‘Para quais Budas a vida espiritual não durou muito. Para quais Budas a vida espiritual durou muito tempo?’”

Sāriputra, a vida espiritual estabelecida pelos Abençoados Vipassī, Sikhī, e e Vessabhū não durou muito. Mas a vida espiritual estabelecida pelos Abençoados Kakusandha, Konāgamana e Kassapa durou muito.”

“E por qual razão a vida espiritual estabelecida pelos Abençoados Vipassī, Sikhī e Vessabhū não durou muito tempo?”

“Os Abençoados Vipassī, Sikhī e Vessabhū tinham a inclinação de dar ensinamentos detalhados aos seus discípulos. Eles deram alguns discursos em prosa, e em prosa e verso; algumas exposições, versos, proclamações, citações, histórias de nascimento, relatos fantásticos, e análises; mas regras de treinamento não foram fixadas e um código de disciplina monástica não foi recitado. Após o desaparecimento daqueles Budas, após o desaparecimento dos discípulos despertos sob a presença deles, aqueles que eram os últimos discípulos—de vários nomes, clãs e classes sociais, oriundos de diversas famílias—fizeram essa vida espiritual desaparecer rapidamente. Da mesma forma que ocorre com flores deixadas soltas em uma superfície plana: elas acabam se espalhando, sopradas e destruídas pelo vento. Por que é assim? Pois elas não foram colocadas juntas por um fio. Sendo assim, após o desaparecimento de tais Budas, após o desaparecimento dos discípulos despertou sob a presença destes, aqueles últimos discípulos fizeram com que essa vida espiritual desaparecesse rapidamente.

Mas, Sāriputra, esses Abençoados eram incansáveis em exortar seus discípulos, e o faziam tendo lido as mentes destes. Uma vez, enquanto ele habitava uma determinada floresta densa e assustadora, o Abençoado Vessabhū—um arahant, perfeitamente iluminado—exortou e admoestou uma ordem de mil bhikkhus, lendo suas mentes ele dizia: ‘Pensem assim, não pensem assim; sejam atentos desta forma, não desta forma; abandonem isto; tendo alcançado isto, estabeleçam-se nisto.’ E quando aqueles mil bhikkhus eram exortados e admoestados pelo Abençoado Vessabhū—um arahant, perfeitamente iluminado—suas mentes foram libertadas das impurezas através da ausência de apego. Mas se alguém ainda não liberto do desejo entrasse naquela floresta densa e assustadora, seus cabelos se arrepiariam. Esta é a razão pela qual a vida espiritual estabelecida pelos Abençoados Vipassī, Sikhī, e Vessabhū não duraram muito.”

“E por qual razão a vida espiritual estabelecida pelos Abençoados Kakusandha, Konāgamana e Kassapa durou muito tempo?”

“Os Abençoados Kakusandha, Konāgamana e Kassapa foram diligentes em dar ensinamentos detalhados para seus discípulos. Eles deram muitos discursos em prosa, e em prosa e verso; muitas exposições, versos, proclamações, citações, histórias de nascimento, relatos fantásticos, e análises; e as regras de treinamento foram fixadas e um código de disciplina monástica foi recitado. Após o desaparecimento daqueles Budas, após o desaparecimento dos discípulos despertos sob a presença deles, aqueles que eram os últimos discípulos—de vários nomes, clãs e classes sociais, oriundos de diversas famílias—estabeleceram aquela vida espiritual por um longo período. Da mesma forma que ocorre com flores unidas por um fim e deixadas uma superfície plana: elas não acabam se espalhando, nem são sopradas e destruídas pelo vento. Por que é assim? Pois elas foram colocadas juntas por um fio. Sendo assim, após o desaparecimento de tais Budas, após o desaparecimento dos discípulos despertou sob a presença destes, aqueles últimos discípulos estabeleceram aquela vida espiritual por um longo período. Esta é a razão pela qual a vida espiritual estabelecida pelos Abençoados Kakusandha, Konāgamana, e Kassapa duraram por muito tempo.”

Então, o Venerável Sāriputra levantou-se do seu assento, arrumou seu manto sobre um ombro, e juntando as mãos numa respeitosa saudação disse: “Esta é a hora certa, mestre, para o estabelecimento das regras de treinamento e recitação de um código de disciplina monástica, para que esta vida espiritual possa durar por um muito tempo.”

“Espere, Sāriputra, o Buda saberá a hora certa para isso. o Mestre não estabelecerá as regras de treinamento e recitação de um código de disciplina monástica até que as impurezas que causam corrupção surjam na comunidade dos bhikkhus. E estas não surgirão antes que a ordem monástica já tenha se estabelecido, se tornado grande em tamanho, dotada de abundância em termos de apoio material, ou alcançado vasto aprendizado. Quando isso acontecer, o Mestre estabelecerá as regras de treinamento e recitação de um código de disciplina monástica de modo a afastar as impurezas que causam corrupção. Sāriputra, a Sangha dos bhikkhus é ainda desprovida de imoralidade, desprovida de perigos, imaculada, pura, estabelecida na essência. O menos avançado destes quinhentos bhikkhus é um que entrou na correnteza, não mais destinado aos mundos inferiores, com o destino fixo, ele tem a iluminação como destino.

Então o Abençoado disse ao venerável Ānanda: “Ānanda, não é o costume dos Budas para deixar uma localidade sem ter se despedido daqueles que os convidam para passar ali o retiro das chuvas. Vamos até o brâmane de Verañjā nos despedir.”

“Sim, Venerável senhor.”

Após vestir-se, o Abençoado tomou sua tigela e mantos e, tendo o Venerável Ānanda como seu assistente, ele foi até a moradia daquele brâmane e sentou-se em um assento para ele preparado. O brâmane aproximou-se do Abençoado, trocou saudações corteses com ele e após a troca de saudações sentou a um lado. E o Abençoado disse:

“Brâmane, de acordo com o seu convite nós passamos aqui o retiro das chuvas e agora viemos nos despedir de você. É nossa vontade seguir viagem em direção a outras localidades.”

“É verdade, Mestre Gotama, que você passou aqui o retiro das chuvas, de acordo com o meu convite, eu ainda não lhe fiz uma oferenda. Isto não é bom. Não foi por falta de vontade, mas acontece que a vida em família é bastante ocupada e sempre há muito o que se fazer. Que o Mestre Gotama possa consentir que eu ofereça amanhã uma refeição para ele e toda a Sangha dos bhikkhus.”

O Abençoado consentiu em silêncio. Então o Abençoado, depois de instruir, motivar, estimular e encorajar o brâmane com um discurso do Dhamma, levantou-se do seu assento e partiu. Na manhã seguinte o brâmane preparou vários tipos de boa comida no seu próprio parque e anunciou a hora para o Abençoado: “É hora, Mestre Gotama, a refeição está pronta.”

Então, ao amanhecer, o Abençoado vestiu o manto interno e—tomando a sua tigela e o manto externo—foi junto com a Sangha dos bhikkhus para a residência do brâmane. Ao chegar, o Abençoado sentou num assento que havia sido preparado. Então, com as suas próprias mãos, o brâmane serviu e satisfez a Sangha dos bhikkhus liderada pelo Abençoado com vários tipos de boa comida. Quando o Abençoado havia terminado de comer e removeu a mão da tigela, o brâmane tomou um assento, a um lado. Enquanto o brâmane estava sentado a um lado o Abençoado o instruiu, motivou, estimulou e encorajou com um discurso do Dhamma e, em seguida, levantou-se do assento e partiu.

Depois de permanecer em Verañjā o quanto quis, o Abençoado seguiu em direção a Payāgapatiṭṭhāna passando por Soreyya, Saṅkassa e Kaṇṇakujja. Lá, ele cruzou o rio Ganges e viajou até Benares. Depois de permanecer em Benares quanto quis, ele se seguiu no sentido Vesālī. Caminhando em etapas, ele por fim chegou em Vesālī. Lá, ele ficou na Grande Floresta no Salão com um pico na cumeeira.

Aqui termina o capítulo sobre Verañjā.

História de origem

Primeiro sub-relato

Sudinna, o filho de um comerciante proeminente, vivia em uma aldeia chamada Kalandaka, não muito longe de Vesālī. Em certa ocasião Sudinna foi até Vesālī tratar de negócios, juntamente com seus muitos amigos. Naquela momento, o Abençoado estava sentado dando ensinamentos, cercado por um grande grupo de pessoas. Quando Sudinna viu isto ele pensou: “Por que não ouço o Dhamma?” Então Sudinna se aproximou daquela assembléia e sentou a um lado.

Enquanto Sudinna encontrava-se sentado na assembléia ocorreu-lhe que: “Como eu entendo o Dhamma ensinado pelo Abençoado, não é fácil viver em família e praticar a vida santa completamente perfeita, totalmente pura, como uma concha polida. E se eu raspasse o meu cabelo e barba, vestisse os mantos de cor ocre e seguisse a vida santa.”

Então, depois de instruídos, estimulados, motivados e encorajados por um discurso do Dhamma do Abençoado, aquelas pessoas ficaram satisfeitos e contentes com as palavras do Abençoado. Então, elas se levantaram dos seus assentos e depois de homenageá-lo, mantendo-o à sua direita, partiram. Pouco depois deles terem partido, Sudinna foi até o Abençoado e depois de cumprimentá-lo, ele sentou a um lado e disse para o Abençoado:

“Venerável senhor, tal como eu entendo o Dhamma ensinado pelo Abençoado, não é fácil viver em família e praticar a vida santa completamente perfeita, totalmente pura, como uma concha polida. Venerável senhor, eu desejo raspar o meu cabelo e barba, vestir os mantos de cor ocre e seguir a vida santa. Eu receberia a admissão na vida santa sob o Abençoado e a admissão completa.”

“Você foi autorizado pelos seus pais, Sudinna, para deixar a vida em família e seguir a vida santa?”

“Não, venerável senhor, eu não tenho a autorização dos meus pais.”

“Sudinna, os Budas não admitem na vida santa ninguém que não tenha a permissão dos seus pais.”

“Venerável senhor, eu farei o que for necessário para que meus pais me dêem a autorização para deixar a vida em família e seguir a vida santa.”

Então, Sudinna levantou do seu assento e depois de homenagear o Abençoado, mantendo-o à sua direita, partiu. Ele foi até os seus pais e lhes disse: “Mãe e pai, tal como eu entendo o Dhamma ensinado pelo Abençoado, não é fácil viver em família e praticar a vida santa completamente perfeita, totalmente pura, como uma concha polida. Eu desejo raspar o meu cabelo e barba, vestir os mantos de cor ocre e seguir a vida santa. Dêem-me a sua permissão para que eu deixe a vida em família e siga a vida santa.”

Quando ele disse isso, os pais dele responderam: “Querido Sudinna, você é o nosso único filho, amado e querido. Você foi educado com conforto, cresceu com conforto; você nada conhece do sofrimento, querido Sudinna. Mesmo se você morresse nós só o deixaríamos ir contra nossa vontade, então como poderíamos dar a nossa permissão para que você deixe a vida em família e siga a vida santa enquanto você ainda está vivo?”

Sudinna pediu a seus pais uma segunda e uma terceira vez, mas obteve a mesma resposta. Então, por não ter recebido a permissão dos pais para seguir a vida santa, Sudinna se deitou no chão e disse: “Exatamente aqui morrerei ou receberei a admissão na vida santa.” E ele deixou de comer por sete refeições.

Os pais dele disseram: “Querido Sudinna, você é o nosso único filho, amado e querido. Você foi educado com conforto, cresceu com conforto; você nada conhece do sofrimento, querido Sudinna. Mesmo se você morresse nós o deixaríamos ir contra nossa vontade, então como poderíamos dar a nossa permissão para que você deixe a vida em família e siga a vida santa enquanto você ainda está vivo? Levante-se, querido Sudinna, coma, beba e divirta-se. Ao comer, beber e se divertir, você poderá ser feliz desfrutando dos prazeres sensuais e realizando méritos. Nós não permitiremos que você deixe a vida em família e siga a vida santa.” Mas Sudinna não respondeu.

Seus pais disseram a ele a mesma coisa uma segunda e uma terceira vez, mas Sudinna permaneceu em silêncio.

Então, os amigos de Sudinna foram até ele e disseram: “Amigo Sudinna, você é o único filho, amado e querido. Você foi educado com conforto, cresceu com conforto; você nada conhece do sofrimento, querido Sudinna. Mesmo se você morresse eles o deixaríamos ir contra a vontade, então como poderiam eles dar a nossa permissão para que você deixe a vida em família e siga a vida santa enquanto você ainda está vivo? Levante-se, amigo Sudinna, coma, beba e divirta-se. Ao comer, beber e se divertir, você poderá ser feliz desfrutando dos prazeres sensuais e realizando méritos. Nós não permitiremos que você deixe a vida em família e siga a vida santa.” Mas Sudinna não respondeu.

Os amigos de Sudinna disseram a ele a mesma coisa uma segunda e uma terceira vez, mas ele permaneceu em silêncio.

Os amigos de Sudinna foram até os pais dele e disseram: “Mãe e pai, Sudinna está deitado no chão, depois de dizer: ‘Exatamente aqui morrerei ou receberei a admissão na vida santa.’ Agora, se vocês não derem a permissão para que ele deixe a vida em família e siga a vida santa, ele irá morrer ali. Mas se vocês derem a permissão, vocês irão vê-lo depois, quando ele estiver seguindo a vida santa. E se ele não apreciar a vida santa, o que mais poderá ele fazer além de voltar para cá? Portanto, dêem a ele permissão para que deixe a vida em família e siga a vida santa.”

“Nós lhe damos a permissão.” disseram.

Então os amigos de Sudinna foram até ele e disseram: “Levante-se, amigo Sudinna. Os seus pais deram a permissão para que você deixe a vida em família e siga a vida santa.

Sudinna pensou: “Eles dizem que meus pais me deram a permissão para seguir a vida santa.” Ele então se levantou, alegre, satisfeito, exultante, acariciando seus membros com usas mãos. E, depois de haver recuperado as forças, ele foi até o Abençoado e depois de cumprimentá-lo sentou a um lado e disse: “Venerável senhor, eu tenho a permissão dos meus pais para deixar a vida em família e seguir a vida santa. Que o Abençoado me conceda a admissão na vida santa.”

Então, Sudinna recebeu a admissão na vida santa sob o Abençoado e a admissão completa. Então, depois de algum tempo, o venerável Sudinna passou a viver nas florestas, se alimentar com comida esmolada, vestir mantos feitos de trapos; e ele vivia na dependência de um certo vilarejo Vájjia.

Naquela ocasião Vájjia sofria com a escassez de comida era atingida pela fome, com as plantações secas e reduzidas à palha. Não era fácil manter-se com o recolhimento de esmolas. Levando isto em consideração o venerável Sudinna pensou: “Tenho muitos parentes em Vesālī que são ricos. Por que não ir viver na dependência deles? Através da minha presença meus parentes poderão praticar a generosidade e obter méritos, aos bhikkhus serão oferecidos requisitos e não me faltará comida.”

O venerável Sudinna pôs seu alojamento em ordem, tomou sua tigela e mantos e partiu para Vesālī, onde chegou caminhando em etapas. Lá, ele ficou na Grande Floresta, no Salão com um pico na cumeeira. Os parentes do venerável Sudinna ouviram que ele havia chegado em Vesālī e trouxeram-lhe sessenta oferendas de cevada. O venerável Sudinna deu aos bhikkhus aquelas ofertas de cevada e, tomando sua tigela e manto, ele foi para o vilarejo de Kalandaka para esmolar alimentos. Conforme ele fazia sua ronda de esmolas no vilarejo da Kalandaka, ele chegou até casa de seu pai.

Foi quando uma escrava que pertencia aos pais de Sudinna estava a ponto de jogar fora um mingau velho. Vendo aquilo, o venerável Sudinna disse: “Irmã, se isso é para ser jogado fora, então despeje aqui na minha tigela.

Enquanto assim o fazia, ela reconheceu os traços característicos das suas mãos, dos seus pés e da sua voz. Então ela foi até a mãe dele e disse: “Minha senhora, saiba que o filho do meu amo, Sudinna, voltou.”

“Que bênção! Se aquilo que você diz for verdade, você não mais será uma escrava!”

O pai de Sudinna que voltava de seus afazeres viu o venerável justamente naquele momento em que o venerável Sudinna estava comendo o mingau velho junto à parede de um certo abrigo. Ele foi até ele e disse: “Sudinna, meu querido, com certeza nós … e você está comendo mingau velho! Você não tem a sua própria casa para onde possa ir?”

“Nós fomos até a sua casa, chefe de família. Foi lá que recebemos este mingau.”

Tomando-o pelo braço o pai do venerável Sudinna lhe disse: “Venha querido Sudinna, vamos para casa.”

O venerável Sudinna Venerável foi até casa de seu pai e lá sentou-se em um assento preparado. Seu pai então lhe disse: “Coma, Sudinna.”

“Já basta, chefe de família, hoje minha refeição está terminada.”

“Então, querido Sudinna, concorde em aceitar a refeição de amanhã.”

O venerável Sudinna concordou em silêncio, levantou-se do assento e partiu.

Então, a mãe do venerável Sudinna limpou o chão de sua casa com pó de esterco de vaca e fez com que se preparasse ali dois montes de ouro. Os montes eram tão grandes que um homem que estava de um lado não podia ver um homem de pé do outro. Após cobrir os montes com tapetes e preparar entre estes um assento rodeado por uma cortina, ela disse para a antiga esposa do venerável Sudinna: “Venha, nora, enfeite-se com os ornamentos do jeito que Sudinna gostava e achava você mais atraente e desejável.”

“Sim, senhora.”

Então, depois do amanhecer, o venerável Sudinna se vestiu e tomando a tigela e o manto externo foi para a casa do seu pai e sentou num assento que havia sido preparado. Então, o seu pai fez com que se descobrisse a pilha de moedas e barras de ouro e disse:

“Querido Sudinna, essa é a sua fortuna maternal; a sua fortuna paternal é outra e a sua fortuna ancestral é ainda outra. Querido Sudinna, você poderá desfrutar da riqueza e realizar méritos. Venha então, querido, abandone o treinamento e regresse para a vida inferior, desfrute da riqueza e realize méritos.”

“Eu não posso, pai. Eu estou desfrutando a vida santa.”

O pai do venerável Sudinna repetiu seu pedido uma segunda e uma terceira vez. Sudinna Venerável respondido: “Se você não for se ofender, chefe de família, posso lhe sugerir o que fazer.”

“Diga, Sudinna.”

“Chefe de família, se você quiser seguir o meu conselho, então faça com que todos este ouro seja colocado em sacos de cânhamo e estes carregados em carretas para serem despejada no meio da correnteza do rio Gânges. Por que isso? Porque, chefe de família, pois desta forma você evitará o perigo, temor e terror que este ouro lhe causará, assim como o trabalho de protegê-lo.”

Descontente, o pai de Sudinna pensou: “Como pode nosso filho Sudinna dizer tais coisas?.” Ele então disse a antiga esposa do venerável Sudinna: “Pois bem, você uma vez foi por ele querida, talvez nosso filho Sudinna lhe dará ouvidos.”

Então, a antiga esposa do venerável Sudinna abraçou os seus pés e disse: “Como são, filho do meu amo, as ninfas pelas quais você vive a vida santa?”

“Nós não vivemos a vida santa devido a ninfas, irmã.”

“Sudinna, o filho do nosso amo, me chama de ‘irmã,’” ela exclamou e ali mesmo desmaiou.

Então o venerável Sudinna disse para o seu pai: “Chefe de família, se há uma refeição para ser dada, então dê. Basta de assédio.”

“Coma então, querido Sudinna, a refeição está pronta.”

Então, com as próprias mãos, o pai do venerável Sudinna o serviu e satisfez com vários tipos de boa comida.

Em seguida, quando o venerável Sudinna havia terminado de comer, sua mãe lhe disse: “Querido Sudinna, esta família é rica. Sudinna, ainda é possível, abandone o treinamento e regresse para a vida inferior, desfrute da riqueza e realize méritos.”

“Eu não posso, mãe. Eu estou desfrutando a vida santa.”

Sua mãe repetiu seu pedido uma segunda vez e então disse o seguinte: “Querido Sudinna, esta família é rica. Por favor, deixe-nos um herdeiro; não deixe que os Licchavīs tomem posse de nossa propriedade por falta de herdeiros.”

“Pois bem, mãe, eu posso fazer isso.”

“Onde você está instalado neste momento?”

“Na grande floresta.” E ele levantou-se do seu assento e partiu.

A mãe do venerável Sudinna disse para sua antiga esposa: “Nora, tão logo você menstruar, por favor me diga.”

“Pois bem, senhora,” ela respondeu. Pouco tempo depois, antiga esposa do venerável Sudinna menstruou, e ela relatou a mãe do venerável Sudinna.

“Nora, enfeite-se com os ornamentos do jeito que Sudinna gostava e achava vocês mais atraente e desejável.”

“Pois bem, senhora,” ela respondeu.

Em seguida, a mãe do venerável Sudinna aproximou-se, juntamente com sua antiga esposa, do venerável Sudinna na grande floresta, e ela lhe disse: “Querido Sudinna, esta família é rica. Por favor, deixe-nos um herdeiro; não deixe que os Licchavīs tomem posse de nossa propriedade por falta de herdeiros.”

“Pois bem, mãe, eu posso fazer isso”, ele disse. E, tomando a sua antiga esposa pelo braço, adentrou a grande floresta e—não havendo nenhuma regra de treinamento que o impedisse—teve relações sexuais com ela três vezes. Como resultado, a antiga esposa de Sudinna engravidou.

Os devas da terra lamentaram com pesar: “Bons senhores, a Sangha dos bhikkhus se encontrava saudável e livre de perigo. Mas Sudinna de Kalandaka produziu um tumor, causando perigo.”

Os devas dos Quatro Grandes Reis, ao ouvirem o lamento dos devas da terra também lamentaram com pesar … os devas do Trinta e Três … os devas de Yāma… os devas de Tusita… os devas que se deliciam com a criação… os devas que exercem poder sobre a criação de outros… os devas do cortejo de Brahma também lamentarão com pesar:

“Bons senhores, a Sangha dos bhikkhus se encontrava saudável e livre de perigo. Mas Sudinna de Kalandaka produziu um tumor, causando perigo.” Então, naquele momento, daquela forma, a notícia se espalhou para até o mundo de Brahma.

A gravidez da esposa do venerável Sudinna vingou e ela eventualmente deu à luz um filho. Os amigos do venerável Sudinna chamaram este menino de Bījaka. Eles também passaram a chamar a antiga esposa do venerável Sudinna de mãe de Bījaka, e o venerável Sudinna de pai de Bījaka. Depois de algum tempo ambos ambos deixaram a vida em família, seguiram a vida santa, e realizaram a perfeição.

Mas o venerável Sudinna se encontrava ansioso e cheio de remorsos, e ele pensou: “É realmente ruim para mim que, após seguir a vida santa sob tão bem proclamada doutrina e disciplina, não fui capaz de praticar a vida espiritual perfeitamente completa e pura.” E por causa de sua ansiedade e remorso, ele tornou-se magro, abatido e pálido, tendo membros marcados por veias salientes e visíveis; Ele se tornou triste, lento, miserável, deprimido, arrependido, abatido pelo pesar.

Os bhikkhus que eram amigos do venerável Sudinna a ele disseram: “Antes, Sudinna era alguém saudável, com traços arredondados, seu rosto tinha boa aparência, sua pele um tom saudável. Mas agora você tornou-se magro, abatido e pálido, tendo membros marcados por veias salientes e visíveis; você é alguém triste, lento, miserável, deprimido, arrependido, abatido pelo pesar. Será que você leva a vida espiritual com insatisfação?”

“Não, eu não levo a vida espiritual com insatisfação. Eu cometi uma má ação. Tive relações sexuais com minha ex esposa. É este a razão de minha miséria. Não fui capaz de praticar a vida santa perfeitamente completa e pura por toda a minha vida.”

“Sudinna, não é sem motivo que você se encontra ansioso, não é sem motivo que você sente remorso, sendo alguém que, após adotar a vida santa sob doutrina e disciplina tão bem proclamadas, não foi capaz de praticar a vida espiritual perfeitamente completa e pura. Não é o caso que Abençoado ensinou de várias formas objetivando o o fim do desejo e não a luxúria; objetivando liberdade da escravidão, e não a permanência no cativeiro; objetivando o desapego, e não o apego? Tendo o Abençoado desta forma ensinado, como pôde você ter se entregado ao desejo, ao cativeiro e ao apego? Não é o caso que o Abençoado ensinou de diversas formas tendo como o objetivo o abandono da luxúria, o fim da presunção, a remoção de sede, o desenraizamento do apego, o interrompimento do ciclo de renascimentos, o fim do desejo, o desaparecimento, a cessação e a extinção do sofrimento? Não é o caso que o Abençoado de várias maneiras declarou o abandono dos prazeres sensuais, o pleno entendimento da percepção dos prazeres sensuais, a eliminação da sede pelos prazeres sensuais, a cessação dos pensamentos acerca de objetos de prazer sensual o acalmar da febre dos prazeres sensuais? O que se passou não fará surgir fé naqueles ainda sem fé, nem tampouco fará aumentar a fé daqueles que já a têm, mas isso dificultará o surgimento da fé naqueles ainda sem fé, e fará com que aqueles com fé mudem suas mentes.”

Após criticar o venerável Sudinna de várias maneiras, esses bhikkhus informaram o Abençoado o ocorrido. Então, o Abençoado convocou a Sangha dos bhikkhus e questionou o venerável Sudinna: “É verdade, Sudinna, que você teve relações sexuais com sua ex esposa?”

“É verdade, mestre.”

O Buda então o repreendeu: “Não é adequado, homem tolo, não é conveniente, não é apropriado, não é digno de um contemplativo, não é correto, não deve ser feito. Como pôde você, após adotar a vida santa sob doutrina e disciplina tão bem proclamadas, não ter sido capaz de praticar a vida espiritual perfeitamente completa e pura. Não é o caso que eu ensinei de várias formas objetivando o o fim do desejo e não a luxúria; objetivando liberdade da escravidão, e não a permanência no cativeiro; objetivando o desapego, e não o apego? Tendo eu desta forma ensinado, como pôde você ter se entregado ao desejo, ao cativeiro e ao apego? Não é o caso que eu ensinei de diversas formas tendo como o objetivo o abandono da luxúria, o fim da presunção, a remoção de sede, o desenraizamento do apego, o interrompimento do ciclo de renascimentos, o fim do desejo, o desaparecimento, a cessação e a extinção do sofrimento? Não é o caso que eu de várias maneiras declarei o abandono dos prazeres sensuais, o pleno entendimento da percepção dos prazeres sensuais, a eliminação da sede pelos prazeres sensuais, a cessação dos pensamentos acerca de objetos de prazer sensual, o acalmar da febre dos prazeres sensuais? Teria sido melhor, homem tolo, que seu pênis tivesse encontrado a boca de uma cobra venenosa e terrível em vez do corpo de uma mulher. Teria sido melhor que seu pênis tivesse encontrado a boca de uma serpente negra, em vez do corpo de uma mulher. Teria sido melhor que seu pênis tivesse encontrado um pote de carvão em brasa, em vez do corpo de uma mulher. Por que isso? Porque se fosse assim, embora você viesse a morrer ou experimentar um sofrimento terrível, você não viria a renascer num destino ruim. E é por essa razão que assim será. Homem tolo, você praticou aquilo que é contrário ao ensinamento verdadeiro, você seguiu a prática comum, a prática vulgar, a prática grosseira, que termina com uma lavagem, que é feito em privado, o que é feito onde quer que haja casais. Você é o precursor, o primeiro a praticar as muitas coisas prejudiciais. Isto não fará surgir fé naqueles ainda sem fé, nem tampouco fará aumentar a fé daqueles que já a têm, mas isso dificultará o surgimento da fé naqueles ainda sem fé, e fará com que aqueles com fé mudem suas mentes.”

Então o Abençoado discursou criticando o modo daqueles que são difíceis de serem sustentados e mantidos, aqueles de grandes desejos, aqueles em que falta contentamento, aqueles interessados em socializar e aqueles preguiçosos; em seguida ele discursou elogiando as várias formas de ser fácil de ser sustentado e mantido, de se ter poucos desejos, o contentamento, a obliteração, as práticas ascéticas, a serenidade, a diminuição das impurezas, e o estímulo da energia. Depois de assim dar um ensinamento sobre o que é certo e apropriado, ele abordou os bhikkhus:

“Por causa disso, bhikkhus, estabelecerei uma regra de treinamento para os bhikkhus pelas seguintes dez razões: para o bem estar da Sangha, para o conforto da Sangha, para a subjugação de pessoas teimosas, para a tranquilidade dos bhikkhus bem comportados, para a contenção das impurezas relativas à vida presente e para o afastamento de impurezas relativas às vidas futuras, para fazer surgir fé naqueles ainda sem fé, e fazer aumentar a fé daqueles que já a têm, para a continuidade da verdadeira doutrina e apoio do treinamento.

“E então, bhikkhus, esta regra de treinamento deve ser assim recitada:

Primeira regra preliminar

“Se um bhikkhu realizar atos sexuais, ele está expulso, passa a não mais fazer parte da Sangha.”

Desta forma o Abençoado estabeleceu para os bhikkhus esta regra de treinamento.

O relato sobre Sudinna está terminado.

Segundo sub-relato

Certa vez um bhikkhu residente na grande floresta perto de Vesālī tornou-se próximo de uma macaca, dando-lhe comida, e ele teve relações sexuais com ela. Então, pela manhã, ele se vestiu e tomando a tigela e o manto externo, foi para Vesālī para esmolar alimentos.

Foi então que um número de bhikkhus que encontravam inspecionando alojamentos chegaram à habitação de tal bhikkhu. A macaca viu os bhikkhus chegando e foi até eles, e em seguida apalpou suas nádegas na direção deles, ela abanou sua cauda, apresentou seu traseiro e fez um gesto. Aos bhikkhus ocorreu então o seguinte pensamento: “Sem dúvida este bhikkhu tem tido relações sexuais com esta macaca”, e então se esconderam a um lado. Então, tendo terminado a sua ronda de esmolas em Vesālī o bhikkhu voltou com a comida recebida, ele comeu uma parte e deu o resto para a macaca. Depois de comer a comida, a macaca apresentou suas nádegas para o bhikkhu, e ele teve relações sexuais com ela.

E aqueles bhikkhus então disseram para aquele bhikkhu: “Não é o caso que uma regra de treinamento foi estabelecida pelo Abençoado? Por que então você tem relações sexuais com um macaco?”

“É verdade que uma regra de treinamento tem sido estabelecidas pelo Abençoado, mas ela se refere a mulheres humanas, não animais.”

“Mas isto dá no mesmo. Não é adequado, não é propício, não é apropriado, não é digno de um contemplativo, não permitido, é para não ser feito. Como pôde você, após adotar a vida santa sob doutrina e disciplina tão bem proclamadas, não ter sido capaz de praticar a vida espiritual perfeitamente completa e pura. Não é o caso que Abençoado ensinou de várias formas objetivando o o fim do desejo e não a luxúria; objetivando liberdade da escravidão, e não a permanência no cativeiro; objetivando o desapego, e não o apego? Tendo o Abençoado desta forma ensinado, como pôde você ter se entregado ao desejo, ao cativeiro e ao apego? Não é o caso que o Abençoado ensinou de diversas formas tendo como o objetivo o abandono da luxúria, o fim da presunção, a remoção de sede, o desenraizamento do apego, o interrompimento do ciclo de renascimentos, o fim do desejo, o desaparecimento, a cessação e a extinção do sofrimento? Não é o caso que o Abençoado de várias maneiras declarou o abandono dos prazeres sensuais, o pleno entendimento da percepção dos prazeres sensuais, a eliminação da sede pelos prazeres sensuais, a cessação dos pensamentos acerca de objetos de prazer sensual, o acalmar da febre dos prazeres sensuais? O que se passou não fará surgir fé naqueles ainda sem fé, nem tampouco fará aumentar a fé daqueles que já a têm, mas isso dificultará o surgimento da fé naqueles ainda sem fé, e fará com que aqueles com fé mudem suas mentes.”

Após criticar aquele bhikkhu de várias maneiras, esses bhikkhus informaram o Abençoado o ocorrido. O Abençoado então convocou a Sangha dos bhikkhus e questionou o bhikkhu: “É verdade, bhikkhu, que você teve relações sexuais com uma macaca?”

“É verdade, mestre.”

O Buda então o repreendeu: “Não é adequado, homem tolo, não é conveniente, não é apropriado, não é digno de um contemplativo, não é legal, não deve ser feito. Como pôde você, após adotar a vida santa sob doutrina e disciplina tão bem proclamadas, não ter sido capaz de praticar a vida espiritual perfeitamente completa e pura. Não é o caso que eu ensinei de várias formas objetivando o o fim do desejo e não a luxúria; objetivando liberdade da escravidão, e não a permanência no cativeiro; objetivando o desapego, e não o apego? Tendo eu desta forma ensinado, como pôde você ter se entregado ao desejo, ao cativeiro e ao apego? Não é o caso que eu ensinei de diversas formas tendo como o objetivo o abandono da luxúria, o fim da presunção, a remoção de sede, o desenraizamento do apego, o interrompimento do ciclo de renascimentos, o fim do desejo, o desaparecimento, a cessação e a extinção do sofrimento? Não é o caso que eu de várias maneiras declarei o abandono dos prazeres sensuais, o pleno entendimento da percepção dos prazeres sensuais, a eliminação da sede pelos prazeres sensuais, a cessação dos pensamentos acerca de objetos de prazer sensual, o acalmar da febre dos prazeres sensuais? Teria sido melhor, homem tolo, que seu pênis tivesse encontrado a boca de uma cobra venenosa e terrível do que o corpo de um animal. Teria sido melhor que seu pênis tivesse encontrado a boca de uma serpente negra, do que o corpo de um animal. Teria sido melhor que seu pênis tivesse encontrado um pote de carvão em brasa, do que o corpo de um animal. Por que isso? Porque se fosse assim, embora você viesse a morrer ou experimentar um sofrimento terrível, você não viria a renascer num destino ruim. E é por essa razão que assim será. Homem tolo, você praticou aquilo que é contrário ao ensinamento verdadeiro, você seguiu a prática comum, a prática vulgar, a prática grosseira, que termina com uma lavagem, que é feito em privado, o que é feito onde quer que haja casais. Você é o precursor, o primeiro a praticar as muitas coisas prejudiciais. Isto não fará surgir fé naqueles ainda sem fé, nem tampouco fará aumentar a fé daqueles que já a têm, mas isso dificultará o surgimento da fé naqueles ainda sem fé, e fará com que aqueles com fé mudem suas mentes.” Então o Abençoado discursou criticando o modo daqueles que são difíceis de serem sustentados e mantidos, aqueles de grandes desejos, aqueles em que falta contentamento, aqueles interessados em socializar e aqueles preguiçosos; mas ele discursou elogiando as várias formas de ser fácil de ser sustentado e mantido, de se ter poucos desejos, o contentamento, a obliteração, as práticas ascéticas, a serenidade, a diminuição das impurezas, e o estímulo da energia. Depois de assim dar um ensinamento sobre o que é certo e apropriado, ele abordou os bhikkhus: “Por causa disso, bhikkhus, estabelecerei uma regra de treinamento para os bhikkhus pelas seguintes dez razões: para o bem estar da Sangha, para o conforto da Sangha, para a subjugação de pessoas teimosas, para a tranquilidade dos bhikkhus bem comportados, para a contenção das impurezas relativas à vida presente e para o afastamento de impurezas relativas às vidas futuras, para fazer surgir fé naqueles ainda sem fé, e fazer aumentar a fé daqueles que já a têm, para a continuidade da verdadeira doutrina e apoio do treinamento.

“E então, bhikkhus, esta regra de treinamento deve ser assim recitada:

Segunda regra preliminar

“Se um bhikkhu realizar atos sexuais, mesmo que com um animal, ele está expulso, passa a não mais fazer parte da Sangha.”

Desta forma o Abençoado estabeleceu para os bhikkhus esta regra de treinamento.

O relato sobre a macaca está terminado.

Terceiro sub-relato

Agora, naquela época, um número de bhikkhus de Vájjia, nascidos em Vesālī, comiam, dormiam e se banhavam tanto quanto queriam. Fazendo-o, sem refletir corretamente, eles tiveram relações sexuais, sem antes terem abandonado o treinamento assim revelando a sua fraqueza. Depois de algum tempo eles foram afetados pela perda de parentes, perda de propriedade e pela doença. Eles então se aproximaram do venerável Ānanda e disseram:

“Venerável Ānanda, não culpamos o Buda, o Dhamma ou a Sangha dos bhikkhus; culpamos apenas a nós mesmos. Fomos infelizes, tivemos pouco mérito: após termos adotado a vida santa sob doutrina e disciplina tão bem proclamadas, não fomos capazes de praticar a vida espiritual perfeitamente completa e pura. Se pudéssemos agora receber a admissão na vida santa sob o Abençoado e a admissão completa, nós teríamos clareza sobre as qualidades saudáveis e nos dedicaríamos dia após dia ao desenvolvimento dos apoios para o despertar. Venerável Ānanda, por favor, informe o Abençoado desta questão. ”

“Sim”, respondeu Ananda que foi até o Abençoado e o informou.

“É impossível, Ānanda, que o Buda vá abolir uma regra de treinamento parajika, que implica a expulsão, por causa destes indivíduos de Vájjia.”

O Abençoado então deu um discurso e se dirigiu aos bhikkhus: “Bhikkhus, se um bhikkhu realizar atos sexuais sem antes ter abandonado o treinamento, revelando sua fraqueza, ele não poderá receber a admissão completa mais uma vez. Mas, bhikkhus, realizar atos sexuais tendo antes abandonado o treinamento, revelando sua fraqueza, ele poderá receber a admissão completa mais uma vez.

“E então, bhikkhus, esta regra de treinamento deve ser assim recitada:

Regra final

“Se um bhikkhu realizar atos sexuais, mesmo que com um animal, sem antes abandonar o treinamento, revelando sua fraqueza, ele está expulso, passa a não mais fazer parte da Sangha.”

Definições

“Um”: refere-se a qualquer indivíduo, de tal tipo, de tal ocupação, de tal status social, de tal nome, de tal família, de tal conduta, de tal comportamento, de tal associação, seja de muita ou pouca idade, ou não pertencendo a nenhum grupo específico.

“Bhikkhu”: um bhikkhu é um indivíduo assim chamado por viver do que é oferecido; ele se torna bhikkhu passando a viver de esmolas; um bhikkhu faz uso de mantos feitos de retalhos; um bhikkhu por convenção; um bhikkhu por reconhecimento; alguém tornado bhikkhu pela expressão “Venha, bhikkhu”; um bhikkhu ordenado através da tomada dos três refúgios; um bom bhikkhu; um bhikkhu íntegro; um bhikkhu em treinamento; um bhikkhu além do treinamento; um bhikkhu que recebeu a ordenação completa na Sangha de bhikkhus através de um procedimento formal, consistindo de três moções e três proclamações, que é irrefutável e completo. Neste caso, um bhikkhu é alguém que tenha recebido a ordenação completa na Sangha de bhikkhus através de um procedimento formal, consistindo de três moções e três proclamações, que é irrefutável e completo.

“Treinamento”: Há três treinamentos: o treinamento superior da virtude, o treinamento superior da mente, o treinamento superior da sabedoria. O treinamento superior da virtude é o treinamento neste caso.

“Modo de vida”: qualquer regra de treinamento estabelecida pelo Abençoado—a isto é chamado “modo de vida.” Ao adotar tal regra de treinamento um indivíduo é referido como alguém “que adotou tal modo de vida.”

“Sem antes abandonar o treinamento, revelando sua fraqueza”:

“Há, bhikkhus, a revelação de fraqueza sem o abandono do treinamento; e a revelação de fraqueza simultânea à renúncia do treinamento.”

“E como há a revelação de fraqueza sem o abandono do treinamento? Aqui, um bhikkhu se encontra descontente, insatisfeito, desejoso de abandonar o modo de vida contemplativo; revoltado, perturbado e desgostoso pela vida monástica; desejoso de se tornar um chefe de família, interessado em passar a ser um discípulo leigo, em passar a ser um assistente de mosteiro, em passar a ser um noviço, em passar a pertencer a outra seita, em passar a ser um adepto de outra doutrina, ou simplesmente não mais interessado em ser um contemplativo, um filho do Sákya; ele então diz e declara: ‘Por que não renuncio o Buda?’ Desta forma, bhikkhus, há a revelação de fraqueza sem o abandono do treinamento.

“Ou novamente, um bhikkhu se encontra descontente, insatisfeito … ele então diz e declara: ‘Por que não renuncio o Dhamma?… a Sangha?’… o treinamento?’… a disciplina?’… o Pātimokkha?’… a recitação?’… o meu preceptor?’… o meu mestre?’… o status de discípulo?’… o status de pupilo?’… o preceptor do grupo?’… o mestre do grupo?’… ele então diz e declara: ‘Por que não renuncio meus companheiros de vida contemplativa?’… ele então diz e declara: ‘Por que não me torno um chefe de família?’… ‘Por que não me torno um discípulo leigo?’… ‘Por que não me torno um assistente de mosteiro?’… ‘Por que não me torno um noviço’… ‘Por que não passo a pertencer a outra seita?’… ‘Por que não passo a ser adepto de outra doutrina?’… ‘Por que não me tornar um seguidor de outra seita?’… ‘Por que não deixo de ser um contemplativo?’… ‘Por que não deixo de ser um filho do Sákya?’. Desta forma, bhikkhus, também há a revelação de fraqueza sem o abandono do treinamento.

“Ou novamente, um bhikkhu se encontra descontente, insatisfeito … ele então diz e declara: ‘Mas e se eu renunciar o Buda’… ele diz e declara: ‘Mas e se eu não fosse mais um filho do Sákya’… ele diz e declara: ‘Talvez eu deveria renunciar o Buda?’… ele diz e declara: ‘Talvez deveria não mais ser um filho do Sákya?’… ele diz e declara : ‘Pois bem, então, eu renunciarei o Buda’… ele diz e declara: ‘Pois bem, então, eu não mais serei um filho do Sákya’… ele diz e declara: ‘Acho que eu deveria renunciar o Buda’… ele diz e declara: ‘Acho que eu deveria não mais ser um filho do Sákya. Desta forma, bhikkhus, também há a revelação de fraqueza sem o abandono do treinamento.

“Ou novamente, um bhikkhu se encontra descontente, insatisfeito … não mais interessado em ser um filho do Sákya, ele então diz e declara: ‘Lembro de minha mãe’… ‘Lembro de meu pai’… ‘Lembro meu irmão’… ‘Lembro de minha irmã’… ‘Lembro de meu filho’… ‘Lembro de minha filha’… ‘Lembro de minha esposa’… ‘Lembro de meus parentes e familiares’… ‘Lembro de meus amigos’… ‘Lembro de minha vila’… ‘Lembro de minha cidade’… ‘Lembro de meus campos’… ‘Lembro de minhas terras’… ‘Lembro de minhas riquezas’… ‘Lembro de meu ouro’… ele diz e declara: ‘Eu me lembro das risadas de outrora, da conversa fiada e das brincadeiras’. Desta forma, bhikkhus, também há a revelação de fraqueza sem o abandono do treinamento.

“Ou novamente, um bhikkhu se encontra descontente, insatisfeito … não mais interessado em ser um filho do Sákya, ele então diz e declara: ‘Eu tenho uma mãe, ela deve ser sustentada por mim’… ‘Eu tenho um pai, ele deve ser sustentado por mim’… ‘Eu tenho um irmão… ‘Eu tenho uma irmã… ‘Eu tenho um filho… ‘Eu tenho uma filha… ‘Eu tenho uma esposa… ‘Tenho parentes e familiares… ele diz e declara: ‘Eu tenho amigos, eles devem ser sustentados por mim. Desta forma, bhikkhus, também há a revelação de fraqueza sem o abandono do treinamento.

“Ou novamente, um bhikkhu se encontra descontente, insatisfeito … não mais interessado em ser um filho do Sákya, ele então diz e declara: ‘Eu tenho uma mãe; ela vai me sustentar.’… ‘Eu tenho um pai; ele vai me sustentar.’… ‘Eu tenho um irmão; ele vai me sustentar.’… ‘Eu tenho uma irmã; ela vai me sustentar.’… ‘Eu tenho um filho; ele vai me sustentar.’… ‘Eu tenho uma filha; ela vai me sustentar.’… ‘Eu tenho uma esposa; ela vai me sustentar.’… ‘Tenho parentes e familiares; eles vão me sustentar.’… ‘Eu tenho amigos; eles vão me sustentar.’… ‘Eu tenho uma aldeia; encontrarei nela sustento.’… ‘Tenho uma cidade; encontrarei nela sustento.’… ‘Tenho campos; encontrarei neles sustento.’… ‘Eu tenho a terra; encontrarei nela sustento.’… ‘Eu tenho barras de ouro; encontrarei nelas sustento.’… ‘Eu tenho ouro; encontrarei nele sustento’… ele diz e declara: ‘Eu tenho uma profissão; encontrarei nela sustento.’ Desta forma, bhikkhus, também há a revelação de fraqueza sem o abandono do treinamento.

“Ou novamente, um bhikkhu se encontra descontente, insatisfeito … não mais interessado em ser um filho do Sákya, ele então diz e declara: ‘Isto é difícil de fazer’…. ‘Isto não é fácil de fazer.’… ‘Isto é difícil.’… ‘Isto não é fácil.’… ‘Não posso suportar.’… ‘Não sou capaz.’… ‘Não aprecio isto..”.. ‘Não encontro deleite.’ Desta forma, bhikkhus, também há a revelação de fraqueza sem o abandono do treinamento.

“E como há a revelação de fraqueza simultânea à renúncia do treinamento? Aqui, um bhikkhu se encontra descontente, insatisfeito… não mais interessado em ser um filho do Sákya; ele então diz e declara: ‘Eu renuncio ao Buda’. Desta forma, bhikkhus, há a revelação de fraqueza simultânea ao abandono do treinamento.

“Ou novamente, um bhikkhu se encontra descontente, insatisfeito … ele então diz e declara: ‘Por que não renuncio o Dhamma?… a Sangha?’… o treinamento?’… a disciplina?’… o Pātimokkha?’… a recitação?’… o meu preceptor?’… o meu mestre?’… o status de discípulo?’… o status de pupilo?’… o preceptor do grupo?’… o mestre do grupo?’… ele então diz e declara: ‘Por que não renuncio meus companheiros de vida contemplativa?’… ele então diz e declara: ‘Considere-me um chefe de família.’… ‘Considere-me um discípulo leigo.’… ‘Considere-me um assistente de mosteiro.’… ‘Considere-me um noviço.’… ‘Considere-me um seguidor de outra seita.’… ‘Considere-me um adepto de outra .doutrina?’… ‘Considere-me um seguidor de outra seita.’… ‘Considere-me alguém que não mais é um contemplativo.’… ‘Considere-me alguém que deixou de ser um filho do Sákya.’ Desta forma, bhikkhus, também há a revelação de fraqueza simultânea ao abandono do treinamento.

“Ou novamente, um bhikkhu se encontra descontente, insatisfeito … ele então diz e declara: ‘Estou farto do Buda’… ‘Estou farto de meus companheiros de vida contemplativa’. Desta forma, bhikkhus, também há a revelação de fraqueza simultânea ao abandono do treinamento.

“Ou novamente, um bhikkhu se encontra descontente, insatisfeito … ele então diz e declara: ‘Não quero mais saber do Buda’… ‘Não quero mais saber de meus companheiros de vida contemplativa’. Desta forma, bhikkhus, também há a revelação de fraqueza simultânea ao abandono do treinamento.

“Ou novamente, um bhikkhu se encontra descontente, insatisfeito … ele então diz e declara: ‘Não vejo propósito no Buda’… ‘Não vejo mais propósito em meus companheiros de vida contemplativa’. Desta forma, bhikkhus, também há a revelação de fraqueza simultânea ao abandono do treinamento.

“Ou novamente, um bhikkhu se encontra descontente, insatisfeito … ele então diz e declara: ‘Não tenho mais vínculos com o Buda’… ‘Não tenho mais vínculos com meus companheiros de vida contemplativa’. Desta forma, bhikkhus, também há a revelação de fraqueza simultânea ao abandono do treinamento.

“Se ele fala e declara por meio dessas indicações, por meio dessas marcas, por meio destes sinais—usando quaisquer outros sinônimos para os termos: Buda, Dhamma, Sangha, treinamento, disciplina, Pātimokkha, recitação, meu preceptor, meu mestre, status de discípulo, status de pupilo, preceptor do grupo, mestre do grupo, companheiros de vida contemplativa, chefe de família, discípulo leigo, assistente de mosteiro, noviço, membro de outra seita, adepto de outra doutrina, seguidor de outra seita, abandono do status de contemplativo, deixar de ser um filho do Sákya—desta forma, bhikkhus, também há a revelação de fraqueza simultânea ao abandono do treinamento.

“E como o treinamento não é abandonado? Aqui, se o indivíduo renuncia o treinamento por meio dessas indicações, por meio dessas marcas, por meio destes sinais, mas tal indivíduo se encontra fora de si, perturbado ou insano; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo renuncia o treinamento na presença de alguém fora de si, perturbado ou insano; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo renuncia o treinamento enquanto desequilibrado, louco; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo renuncia o treinamento na presença de alguém desequilibrado, louco; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo renuncia o treinamento enquanto tomado pela dor; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo renuncia o treinamento na presença de alguém tomado pela dor; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo renuncia o treinamento na presença de devas; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo renuncia o treinamento na presença de animais; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo nativo renuncia o treinamento na presença de um estrangeiro, e não o compreende; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo estrangeiro renuncia o treinamento na presença de um nativo, mas não o compreende; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo nativo renuncia o treinamento na presença de um nativo, e não o compreende; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo estrangeiro renuncia o treinamento na presença de um estrangeiro, mas não o compreende; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo renuncia o treinamento no contexto de uma brincadeira ou piada; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo renuncia o treinamento falando rápido demais; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo anuncia a renúncia não tendo esta intenção; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo não anuncia a renúncia mas tem esta intenção; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo anuncia a renúncia para alguém que não o compreende; neste caso o treinamento não é abandonado. Se o indivíduo não anuncia a renúncia para alguém que o compreenderia; neste caso o treinamento não é abandonado. Ou então, se o indivíduo não faz o anúncio da renúncia por completo; neste caso o treinamento não é abandonado. Desta forma bhikkhus, o treinamento não é abandonado.”

“Atos sexuais”: se refere àquilo que é contrário ao ensinamento verdadeiro, você seguiu a prática comum, a prática vulgar, a prática grosseira, que termina com uma lavagem, que é feito em privado, o que é feito onde quer que haja casais.

“Realiza”: se refere ao encontro de órgão com órgão genital, mesmo que apenas adentrando a profundidade equivalente ao tamanho de uma semente de gergelim.

“Mesmo que com um animal”: mesmo que tendo tido relações sexuais apenas com um animal, o indivíduo deixa de ser um contemplativo, um filho do Sákya; o que dizer daquele que o fez com uma mulher. Assim se define a aplicação da expressão ‘mesmo que com um animal’.”

“Ele está expulso”: da mesma forma que um homem com a cabeça cortada é incapaz de continuar a viver por meio do abandono da prévia conexão de sua cabeça com o corpo, um bhikkhu que realizou atos sexuais deixa de ser um asceta, passa a não mais ser um filho do Sákya. Assim se define a aplicação da expressão ‘ele está expulso’.”

“Passa a não mais fazer parte da Sangha”: o indivíduo rompe o vínculo com a Sangha de bhikkhus, sendo impedido da participação em procedimentos formais da Sangha, em recitações, e em treinamentos específicos. Assim se define a aplicação da expressão ‘Passa a não mais fazer parte da Sangha’.”

Permutações

Parte 1

Resumo

Existem três tipos de seres do gênero feminino: uma mulher, um ser não-humano fêmea, uma fêmea de uma espécie animal. Existem três tipos de hermafrodita: uma hermafrodita humana, um ser não-humano hermafrodita, uma hermafrodita animal. Existem três tipos de paṇḍaka: um paṇḍaka humano, um paṇḍaka não-humano, um paṇḍaka animal. Existem três tipos de seres do gênero masculino: um homem, um ser não-humano macho, um macho de uma espécie animal.

Detalhamento, parte 1

Comete uma ofensa parajika, que implica a expulsão, aquele que tem relações sexuais com uma mulher através de qualquer um destes três orifícios: boca, vagina ou ânus. … com uma fêmea não-humana… com uma fêmea de espécie animal… com uma hermafrodita humana… com uma hermafrodita não-humana… com uma hermafrodita animal através de qualquer um destes três orifícios: boca, vagina ou ânus. Comete uma ofensa parajika, que implica a expulsão aquele que tem relações sexuais com um paṇḍaka humano através de qualquer um destes dois orifícios: ânus ou boca. … com um paṇḍaka não-humano… com um paṇḍaka animal… um homem … com um ser não-humano macho… com um macho de uma espécie animal através de qualquer um destes dois orifícios: ânus ou boca.

Detalhamento, parte 2

Relação sexual voluntária

Se um bhikkhu tem a intenção de associação e ele permite que o pênis dele penetre o corpo de uma mulher através do ânus… através da vagina… através da boca, ele comete uma ofensa parajika, que implica a expulsão. Se um bhikkhu tem a intenção de associação e ele permite que o pênis dele penetre o corpo de uma fêmea não-humana através do ânus… através da vagina… através da boca, ele comete uma ofensa parajika, que implica a expulsão. Se um bhikkhu tem a intenção de associação e ele permite que o pênis dele penetre o corpo de uma fêmea de uma espécie animal através do ânus… através da vagina… através da boca, ele comete uma ofensa parajika, que implica a expulsão. Se um bhikkhu tem a intenção de associação e ele permite que o pênis dele penetre o corpo de um paṇḍaka humano… um paṇḍaka não-humano… um paṇḍaka animal… um homem… um ser não-humano macho… um macho de uma espécie animal através do ânus… através da boca, ele comete uma ofensa parajika, que implica a expulsão.

Relação sexual forçada em que a contraparte é conduzida à presença do bhikkhu

Os inimigos que se fazem de bhikkhus conduzem uma mulher à presença de um bhikkhu e inserem o pênis deste em seu ânus. Se ele concordar com a inserção, se ele concorda em ter inserido, se ele concordar com o restante, se ele concordar com o retirar—ou seja, se ele está de acordo com a relação sexual até aquele ponto—ele comete uma ofensa parajika, que implica a expulsão. Os inimigos que se fazem de bhikkhus conduzem uma mulher à presença de um bhikkhu e inserem o pênis deste em seu ânus. Se não ele concordar com a inserção, mas ele concordar em ter inserido, com o restante, e com o retirar, ele comete uma ofensa parajika, que implica a expulsão. Os inimigos que se fazem de bhikkhus conduzem uma mulher à presença de um bhikkhu e inserem o pênis deste em seu ânus. Se não ele concordar com a inserção, e tampouco em ter inserido, mas concorda com o restante, e com o retirar, ele comete uma ofensa parajika, que implica a expulsão. Os inimigos que se fazem de bhikkhus conduzem uma mulher à presença de um bhikkhu e inserem o pênis deste em seu ânus. Se não ele concordar com a inserção, e tampouco em ter inserido ou com o restante, mas ele concorda com o retirar, ele comete uma ofensa parajika, que implica a expulsão. Os inimigos que se fazem de bhikkhus conduzem uma mulher à presença de um bhikkhu e inserem o pênis deste em seu ânus. Se não ele concordar com a inserção, em ter inserido, com o restante e tampouco com o retirar, ele não comete uma ofensa.

—Uma primeira permutação ocorre com os demais dois orifícios—boca e ânus. Em todos os casos, o bhikkhu a comete trangressão que implica a expulsão sempre que houver concordância, mesmo que parcial. Quando não há concordância alguma, não há trangressão.—

—Uma segunda permutação ocorre com as demais contrapartes que possuem vaginas: uma hermafrodita humana, uma hermafrodita não-humana e uma hermafrodita animal. A terceira permutação ocorre com os casos em que a contraparte está i) acordada, ii) que dorme, iii) intoxicada, iv) louca, v)descuidada, vi)morta mas ainda não decomposta, vii) morta e ainda em grande parte não decomposta. Em todos os casos, o bhikkhu a comete trangressão que implica a expulsão sempre que houver concordância, mesmo que parcial. Quando não há concordância alguma, não há trangressão.—

—Assim como acima outra série de permutações ocorre com as demais possíveis contrapartes—um paṇḍaka humano, um paṇḍaka não-humano, um paṇḍaka animal, um homem, um ser não-humano macho, um macho de uma espécie animal; com os dois possíveis orifícios—boca e ânus; e nos sete estados acima listados. Em todos os casos, quando a contra parte é uma fêmea, hermafrodita ou um paṇḍaka, o bhikkhu a comete trangressão que implica a expulsão sempre que houver concordância, mesmo que parcial Quando a contraparte é um macho, há uma trangressão grave. Quando não há concordância alguma, não há trangressão, em todos os casos.—

Relação sexual forçada em que o bhikkhu é conduzido à presença da contraparte

—As mesmas permutações acima ocorrem, com a diferença de que o bhikkhu é conduzido à presença da contraparte.—

Relação sexual forçada em que a contraparte é conduzida à presença do bhikkhu e as partes são encobertas

—As mesmas permutações acima ocorrem, com a adição de uma das partes da relação sexual sendo ocultada/encoberta.—

Relação sexual forçada em que o bhikkhu é conduzido à presença da contraparte e as partes são encobertas

—As mesmas permutações acima ocorrem, com a adição de uma das partes da relação sexual sendo ocultada/encoberta.—

Da mesma forma que as permutações acima ocorrem tendo “inimigos que se fazem de bhikkhus” como coadjuvantes, elas são igualmente aplicáveis nos casos de quatro outros possíveis coadjuvantes:

Inimigos que são reis, inimigos que são bandidos ou criminosos, inimigos que são canalhas, inimigos “perfumados de lótus.” Assim a seção se resume.

Permutações, parte 2

Se o indivíduo encosta uma parte íntima com uma parte íntima, há uma ofensa parajika, que implica a expulsão. Se o indivíduo encosta a boca com uma parte íntima, há uma ofensa parajika, que implica a expulsão. Se o indivíduo encosta uma parte íntima com a boca, há uma ofensa parajika, que implica a expulsão. Se o indivíduo encosta a boca com a boca, há uma ofensa grave.

Um bhikku abusa de um bhikkhu que dorme: se este acordar e consentir, ambos devem ser expulsos; se ele acordar mas não consentir, o molestador deve ser expulso. Um bhikku abusa de um noviço que dorme: se este acordar e consentir, ambos devem ser expulsos; se ele acordar mas não consentir, o molestador deve ser expulso. Um noviço abusa de um bhikkhu que dorme: se este acordar e consentir, ambos devem ser expulsos; se ele acordar mas não consentir, o molestador deve ser expulso. Um noviço abusa de um noviço que dorme: se este acordar e consentir, ambos devem ser expulsos; se ele acordar mas não consentir, o molestador deve ser expulso.

Quando não há ofensa

Não há ofensa quando: o indivíduo não está ciente; o indivíduo não consente; o indivíduo se encontra fora de si, perturbado ou insano; o indivíduo se encontra louco, desequilibrado; o indivíduo se encontra tomado pela dor; ele é o primeiro a cometer a ofensa.

O terceiro sub-relato está terminado.

Casos e suas respectivas decisões

Lista para memorização

A macaca, os Vájjians,
O chefe de família, um homem nu, adepto de outra seita;
A menina, Uppalavaṇṇā,
Outros dois com suas características.

Mãe, filha, irmã
Esposa, flexível, longo;
Duas feridas, uma figura,
Uma boneca de madeira.

Cinco juntamente com Sundara,
Cinco sobre cemitérios, ossos;
Um nagga fêmea, um yakkha fêmea, e o fantasma de uma mulher,
Um paṇḍaka, incapacitado, toque.

O arahant dormindo em Bhaddiya,
Outros quatro em Sāvatthī;
Três em Vesālī, guirlandas,
Um sobre Bharukaccha eu seu sonho.

Supabbā, Saddhā, uma bhikkhuni,
Uma noviça, e uma bhikkhuni novata;
Uma prostituta, um paṇḍaka, um chefe de família,
Um outro, um bhikkhu ordenado já velho, um cervo.

Detalhes dos casos

Certa vez, um bhikkhu teve relações sexuais com uma macaca. Ele tornou-se ansioso, pensando: “O Abençoado estabeleceu-se uma regra de treinamento. Será que eu cometi uma ofensa parajika, que implica a expulsão?” O Abençoado foi informado do ocorrido … “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, alguns bhikkhus Vájjia de Vesālī tiveram relações sexuais sem terem primeiro abandonado a vida santa, revelando sua fraqueza. Eles tornaram-se ansiosos, pensando: “O Abençoado estabeleceu-se uma regra de treinamento. Será que eu cometi uma ofensa parajika, que implica a expulsão?” O Abençoado foi informado do ocorrido … “Vocês cometeram uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, um bhikkhu, pensando estaria evitando uma ofensa, teve relações sexuais enquanto vestido como um chefe de família. Ele tornou-se ansioso … “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, um bhikkhu, pensando que estaria evitando uma ofensa, teve relações sexuais enquanto nu. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, um bhikkhu, pensando que estaria evitando uma ofensa, teve relações sexuais enquanto vestido com fibras de grama kusa… vestido com fibras de casca de árvores… vestido com lascas de madeira… vestindo um manto de cabelos humanos… vestindo uma manta de crina de cavalo… vestido com penas de asas de corujas… vestido com a pele de um antílope… Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, um bhikkhu que havia saído para recolher esmolas viu uma menina deitada em um banco. Tomado pelo desejo ele inseriu o dedo na vagina da menina e ela morreu. Ele tornou-se ansioso… “Você não cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão. No entanto, houve uma ofensa sanghadisesa, séria e que envolve a suspensão.”

Certa vez um certo jovem brâmane se encontrava apaixonado pela bhikkhuni Uppalavaṇṇā. Quando Uppalavaṇṇā foi para o vilarejo recolher esmolas, o brâmane foi até a cabana da bhikkhi, entrou e se escondeu. Após ter feito a sua refeição, tendo retornado da ronda de esmolas, Uppalavaṇṇā lavou os pés, entrou a cabana e sentou-se na cama. Então aquele jovem brâmane a agarrou e a estuprou. Ela levou isto ao conhecimento das bhikkhunis. As bhikkhunis informaram aos bhikkhus, que por sua vez, informaram o Abençoado. “Não há ofensa quando não há consentimento.”

Certa vez as características de mulher apareceram no corpo de um bhikkhu. Eles informaram o Abençoado do ocorrido. Ele disse: “Bhikkhus, permito que os anos como discípulo, anos de vida santa, anos como um bhikkhu, sejam transferidos para as bhikkhunis. As ofensas ao código de disciplina dos bhikkhus que são compartilhadas com o código de disciplina das bhikkhunis devem ser tratados na presença de bhikkhunis. As transgressões que não tem paralelo no código de disciplina das bhikkhunis passam a não ser mais aplicáveis.”

Certa vez as características de homem apareceram no corpo de uma bhikkhuni. Eles informaram o Abençoado do ocorrido. Ele disse: “Bhikkhus, permito que os anos como discípula, anos de vida santa, anos como uma bhikkhuni, sejam transferidos para os bhikkhus. As ofensas ao código de disciplina das bhikkhunis que são compartilhadas com o código de disciplina dos bhikkhus devem ser tratados na presença de bhikkhus. As transgressões que não tem paralelo no código de disciplina dos bhikkhus passam a não ser mais aplicáveis.”

Certa vez, um bhikkhu, pensando que estaria evitando uma ofensa, teve relações sexuais com sua mãe… com sua filha… com sua irmã. … Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, um bhikkhu, pensando que estaria evitando uma ofensa, teve relações sexuais com sua antiga esposa. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, um bhikkhu que tinha flexibilidade, atormentado pelo descontentamento, levou seu pênis à sua boca. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, um bhikkhu que tinha um pênis longo, atormentado pelo descontentamento, levou seu pênis ao seu ânus. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, um bhikkhu viu um cadáver com uma ferida na região de seus órgãos genitais. Pensando que estaria evitando uma ofensa, ele inseriu o pênis na ferida, penetrando através dos órgãos genitais. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, um bhikkhu viu um cadáver com uma ferida na região de seus órgãos genitais. Pensando que estaria evitando uma ofensa, ele inseriu o pênis na ferida, penetrando através dos órgãos genitais. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, um bhikkhu tomado pelo desejo tocou genitais desenhadas em uma figura com seu pênis. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa dukkata, de transgressão.”

Certa vez, um bhikkhu tomado pelo desejo tocou as genitais de uma boneca de madeira com seu pênis. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa dukkata, de transgressão.”

Certa vez, um bhikkhu chamado Sundara ordenado em Rājagaha seguia ao longo de uma via de transporte. Uma certa mulher lhe viu e disse: “Espere um momento, venerável, eu o homenagearei com prostrações.” Conforme ela fazia sua prostração ela levantou o manto inferior do bhikkhu e levou seu pênis até a sua boca. Ele tornou-se ansioso… “Bhikkhu, você consentiu?”

“Eu não consenti, mestre.”

“Não há ofensa quando não há consentimento.”

Certa vez, uma mulher viu um bhikkhu e lhe disse: “Venha, venerável, vamos ter relações sexuais.”

“Não é permitido.”

“Eu farei o esforço, venerável, não você. Desta forma você não cometerá uma ofensa.” O bhikkhu assim agiu. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, uma mulher viu um bhikkhu e lhe disse: “Venha, venerável, vamos ter relações sexuais.”

“Não é permitido.”

“Apenas você fará o esforço, venerável, não eu. Desta forma você não cometerá uma ofensa.” O bhikkhu assim agiu. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, uma mulher viu um bhikkhu e lhe disse: “Venha, venerável, vamos ter relações sexuais.”

“Não é permitido.”

“Penetre mas ejacule fora. … Penetre apenas para ejacular dentro. Desta forma você não cometerá uma ofensa.” Desta forma você não cometerá uma ofensa.” O bhikkhu assim agiu. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Uma vez um bhikkhu foi para um cemitério a céu aberto e viu um cadáver ainda não decomposto. Ele teve relações sexuais com aquele cadáver. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Uma vez um bhikkhu foi para um cemitério a céu aberto e viu um cadáver em grande parte ainda não decomposto. Ele teve relações sexuais com aquele cadáver. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Uma vez um bhikkhu foi para um cemitério a céu aberto e viu um cadáver em grande parte já decomposto. Ele teve relações sexuais com aquele cadáver. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa thullaccaya, uma ofensa grave.”

Uma vez um bhikkhu foi para um cemitério a céu aberto e viu uma cabeça decapitada. Ele penetrou o seu pênis na boca daquela cabeça, havendo contato. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Uma vez um bhikkhu foi para um cemitério a céu aberto e viu uma cabeça decapitada. Ele penetrou o seu pênis na boca daquela cabeça, mas não havendo contato. Ele tornou-se ansioso… “Você não cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão. No entanto, houve uma ofensa thullaccaya, uma ofensa grave.”

Certa vez, um bhikkhu se apaixonou por uma mulher. Ela morreu e seus ossos foram descartados e espalhados num cemitério a céu aberto. O bhikkhu foi até aquele cemitério, recolheu os ossos e os levou seu pênis até os ossos, onde antes se encontravam as genitais. Ele tornou-se ansioso… “Você não cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão. No entanto, houve uma ofensa dukkata, de transgressão.”

Certa vez, um bhikkhu teve relações sexuais com um nagga fêmea… teve relações sexuais com uma yakkha mulher … teve relações sexuais com uma fantasma … teve relações sexuais com um paṇḍaka. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, as faculdades de um bhikkhu estavam incapacitadas. Pensando que ele evitaria uma ofensa, pois ele se encontrava incapaz de sentir prazer ou nem dor, ele teve relações sexuais. … O Abençoado foi informado do ocorrido. “Não importa se este homem tolo sentiu algo ou nada sentiu, houve uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, um bhikkhu, nutriu a intenção de ter relações sexuais com uma mulher, mas sentiu remorso ao simples toque. Ele tornou-se ansioso… “Você não cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão. No entanto, houve uma ofensa sanghadisesa, séria e que envolve a suspensão.”

Certa vez, um bhikkhu estava deitado no bosque de Jātiyā em Bhaddiya, tendo ido lá para passar o dia, e ele teve uma ereção por causas circulatórias. Uma certa mulher viu aquilo e sentou-se no pênis dele, e ao se satisfazer, levantou-se e partiu. Os bhikkhus, vendo o manto manchado, informaram o Abençoado. “Bhikkhus, uma ereção ocorre por cinco razões: desejo, fezes, urina, circulação, picada de vermes ou insetos. É impossível que aquele bhikkhu tenha tido uma ereção por causa do desejo, pois ele é um arahant. Este bhikkhu não cometeu uma ofensa.”

Certa vez, um bhikkhu se encontrava deitado numa mata cerrada em Sāvatthī, tendo ido lá para passar o dia. Uma certa vaqueira viu aquilo e sentou-se sobre o pênis daquele bhikkhu. O bhikkhu consentiu com a penetração e tudo que prossegue. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, um bhikkhu estava deitado numa mata cerrada em Sāvatthī, tendo ido lá para passar o dia. Uma certa vaqueira viu aquilo… Uma certa mulher que recolhia lenha… Uma certa mulher que recolhia esterco de vaca viu aquilo e sentou-se sobre o pênis daquele bhikkhu. O bhikkhu consentiu com a penetração e tudo que prossegue. Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Certa vez, um bhikkhu estava deitado na Grande Floresta, em Vesālī, tendo ido lá para passar o dia. Uma certa mulher viu aquilo e sentou-se no pênis dele, e ao se satisfazer, ela levantou-se mas permaneceu rindo nas proximidades. O bhikkhu acordou e disse: “Você fez isto?”

“Sim, eu fiz.” Ele tornou-se ansioso …

“Bhikkhu, você consentiu?”

“Eu sequer tomei ciência, mestre.”

“Não existe ofensa quando sequer se toma ciência.”

Certa vez, um bhikkhu havia ido para a Grande Floresta em Vesālī passar o dia, e lá ele se encontrava deitado e descansando a cabeça contra uma árvore. Uma certa mulher viu aquilo e sentou-se no pênis dele. O bhikkhu levantou-se apressadamente. Ele tornou-se ansioso …

“Bhikkhu, você consentiu?”

“Eu não consenti, mestre.”

“Não há ofensa quando não há consentimento.”

Certa vez, um bhikkhu havia ido para a Grande Floresta em Vesālī passar o dia, e lá ele se encontrava deitado, dormindo, descansando a cabeça contra uma árvore. Uma certa mulher viu aquilo e sentou-se no pênis dele. O bhikkhu a expulsou dalí. Ele tornou-se ansioso …

“Bhikkhu, você consentiu?”

“Eu não consenti, mestre.”

“Não há ofensa quando não há consentimento.”

Certa vez, um bhikkhu havia ido passar o dia no Salão com um pico na cumeeira, na Grande Floresta, em Vesālī. Ele abriu a porta e deitou-se para dormir, e ele teve uma ereção por causa do vento. Naquele momento um grupo mulheres que traziam consigo oferendas de perfumes e guirlandas de flores, foram até ao mosteiro conferir as habitações monásticas. Aquelas mulheres viram aquele bhikkhu e sentaram-se sobre o pênis dele. Após satisfeitas, elas disseram: “Que touro de homem”, depositaram suas oferendas de perfumes e guirlandas de flores, e então partiram. Os bhikkhus, vendo o manto manchado, informaram o Abençoado. “Bhikkhus, uma ereção ocorre por cinco razões: desejo, fezes, urina, circulação, picada de vermes ou insetos. É impossível que aquele bhikkhu tenha tido uma ereção por causa do desejo, pois ele é um arahant. Este bhikkhu não cometeu uma ofensa. No entanto, bhikkhus, eu os aconselho que fechem as portas enquanto estiverem em reclusão durante o dia.”

Certa vez, um bhikkhu de Bharukaccha sonhou que ele teve relações sexuais com sua antiga esposa. Ele pensou que por causa daquilo ele já não era mais um bhikkhu, e teria que abandonar o manto. Enquanto a caminho de Bharukaccha, ele viu o venerável Upāli e lhe informou do ocorrido. O Venerável Upāli então lhe disse: “Não há ofensa, uma vez que ocorreu em um sonho.”

Certa vez, em Rājagaha havia uma discípula leiga chamada Supabbā se encontrava tomada pelo entendimento incorreto. Ela defendia que qualquer mulher que se oferecesse para relações sexuais daria o melhor dos presentes. Ela viu um bhikkhu e disse: “Venha, Venerável, vamos ter relações sexuais.”

“Isto não é permitido.”

“Sendo assim, esfregue nas minhas coxas; desta forma não haverá ofensa para você… Sendo assim, esfregue contra meu umbigo… Sendo assim, esfregue contra minha barriga… Sendo assim, esfregue contra a minha cintura… Sendo assim, esfregue contra o meu pescoço… Sendo assim, esfregue contra as orelhas… Sendo assim, esfregue contra os cachos de cabelo… Sendo assim, esfregue entre os dedos… Eu faço esforço com minha mão e você ejaculará; desta forma não haverá ofensa para você.” O bhikkhu agiu em conformidade. Ele tornou-se ansioso… “Você não cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão. No entanto, houve uma ofensa sanghadisesa, séria e que envolve a suspensão.”

Certa vez, em Sāvatthī uma discípula leiga chamada Saddhā se encontrava tomada pelo entendimento incorreto. Ela defendia que qualquer mulher que se oferecesse para relações sexuais daria o melhor dos presentes. Ela viu um bhikkhu e disse: “Venha, Venerável, vamos ter relações sexuais.”

“Isto não é permitido.”

“Sendo assim, esfregue nas minhas coxas; desta forma não haverá ofensa para você… Sendo assim, esfregue contra meu umbigo… Sendo assim, esfregue contra o estômago… Sendo assim, esfregue contra a cintura… Sendo assim, esfregue contra a garganta… Sendo assim, esfregue contra as orelhas… Sendo assim, esfregue contra os cachos de cabelo… Sendo assim, esfregue entre os dedos… Eu faço esforço com minha mão e você ejaculará; desta forma não haverá ofensa para você.” O bhikkhu agiu em conformidade. Ele tornou-se ansioso… “Você não cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão. No entanto, houve uma ofensa sanghadisesa, séria e que envolve a suspensão.”

Certa vez, em Vesālī alguns jovens Licchavī tomaram a força um bhikkhu e fizeram ele cometer atos impróprios com uma bhikkhuni. … Se ambos consentiram, ambos devem ser expulsos. Se nenhum dos dois consentiu, não há ofensa.

Certa vez, em Vesālī alguns jovens Licchavī tomaram a força um bhikkhu e fizeram ele cometer atos impróprios com uma bhikkhuni em treinamento… uma noviça … Se ambos consentiram, ambos devem ser expulsos. Se nenhum dos dois consentiu, não há ofensa.

Certa vez, em Vesālī alguns jovens Licchavī tomaram a força um bhikkhu e fizeram ele cometer atos impróprios com uma prostituta… com um paṇḍaka … com uma mulher qualquer. Se o bhikkhu consentiu, ele deve ser expulso. Se não houve consentimento, não há ofensa.

Certa vez, em Vesālī alguns jovens Licchavī tomaram a força dois bhikkhus e fizeram que eles cometessem atos impróprios um com o outro. Se ambos consentiram, ambos devem ser expulsos. Se nenhum dos dois consentiu, não há ofensa.

Certa vez, um bhikkhu que havia adotado a vida santa já velho foi visitar sua antiga esposa. Ela disse: “Venha, Venerável, deixe a Sangha,” e ela o abordou. Ao esguiar-se dela, o bhikkhu caiu com as costas no chão. Ela tirou seu manto e sentou-se sobre o pênis dele. Ele tornou-se ansioso… O Abençoado foi informado do ocorrido e disse:

“Você consentiu, bhikkhu?”

“Eu não consenti, mestre.”

“Não há ofensa quando não há consentimento.”

Certa vez, um bhikkhu vivia na selva. Um jovem cervo foi até o local onde aquele bhikkhu urinava, bebeu a urina dele e colocou o pênis daquele bhikkhu em sua boca. O bhikkhu consentiu. Ele tornou-se ansioso… Ele tornou-se ansioso… “Você cometeu uma ofensa parajika, que implica a expulsão.”

Aqui termina a seção sobre a primeira das regra pārājika, que implicam a expulsão.